Aperta as coxas com os dedos. Finge sorriso na voz. Engole em seco e sente a garganta doer.
Aperta os olhos pra esconder. Coça a ponta do nariz. Suspira fundo e conta até dez - mentalmente, é claro.
Tudo isso para não admitir.
Se até hoje não havia dito nada, pra que dizer agora?
Pra que desfazer a pose, se mostrar?
Mas fica o medo. Ah, fica.
Medo de fazer o que fez no passado.
De não dizer.
De não se deixar sentir, de fato.
Uma hora alguém penetra a casca.
Uma hora alguém te desarma, te deixa nua.
Uma hora alguém descobre que você pode dar muito mais,
que você sente muito mais do que diz sentir,
que você deseja muito mais do que diz desejar.
Uma hora... Alguém...
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